SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL E HIPERTROFIA MUSCULAR
13/06/2013 10:30
Souza-Júnior et al.: Suplementação nutricional e hipertrofia muscular www.brjb.com.br
Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 4, p. 227-245, 2010 (ISSN 1981-6324)
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BIOMOTRICITY ROUND TABLE
BIOMOTRICITY ROUND TABLE –
SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL E
HIPERTROFIA MUSCULAR
Tácito Pessoa de Souza Junior1; Bruno Gualano2; Jonato Prestes3; Sandra Maria Lima
Ribeiro4; Marcelo Saldanha Aoki4
1Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte – CEPEE, Universidade Federal do Paraná.
2Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo.
3Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação Física, Universidade Católica
de Brasília.
4Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo.
Corresponding author:
Prof. Tácito Pessoa de Souza Junior, PhD
Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte - CEPEE
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Setor de Ciências Biológicas - Depto. de Ed.Física
Rua Coração de Maria, 92 - Curitiba/PR
BR 116, km 95 - Campus Jardim Botânico
CEP: 80215-370/Tel.: (41) 3360-4325 / 3360-4331
e-mail: tacitojr@ufpr.br
Submitted for publication: 29/11/2010
Accepted for publication: 01/12/2010
ABSTRACT
SOUZA JUNIOR, T. P.; GUALANO, B.; PRESTES, J.; RIBEIRO, S. M. L.; AOKI, M. S. Biomotricity Round
table - Dietary supplements and muscular hypertrophy. Brazilian Journal Biomotricity, v. 4, n. 4, p. 227-245,
2010. The aims of this Round Table were: a) present the opinions of researchers regarding the efficiency
nutritional supplements developed for strength gains and muscle growth, b) discuss the perspectives for
future research involving nutritional supplementation and muscular hypertrophy, and c) discuss research
limitations and controversial issues in literature. Eight researchers with a relevant history of publications in
this area were invited to answer six questions. Five researchers answered the Editor's invitation. After
answering the questions, the researchers received responses from other participants following the blind
system. Therefore, the researchers had a chance to discuss controversial points. Overall, despite the
limitations and controversy in the literature, there was a consensus on the answers given by the researchers.
Key Words: creatine, carbohydrate, protein, leucine, HMβ.
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RESUMO
SOUZA JUNIOR, T. P.; GUALANO, B.; PRESTES, J.; RIBEIRO, S. M. L.; AOKI, M. S. Biomotricity Round
table - Suplementação nutricional e hipertrofia muscular. Brazilian Journal Biomotricity, v. 4, n. 4, p. 227-245,
2010. Os objetivos do presente Round Table foram: a) apresentar a opinião de pesquisadores sobre a
eficiência dos suplementos nutricionais direcionados para o ganho de força e crescimento muscular, b)
discutir as perspectivas para as futuras pesquisas envolvendo a suplementação nutricional e a hipertrofia
muscular, c) debater limitações das pesquisas e questões controversas na literatura. Foram convidados 8
pesquisadores com histórico de publicações relevantes sobre o tema para responder 6 questões
dissertativas. Cinco pesquisadores atenderam ao convite. Após responderem as questões, os
pesquisadores receberam as respostas dos outros participantes no sistema cego. Portanto, os participantes
tiveram a chance de discutir os possíveis pontos de vista divergentes. De modo geral, apesar das limitações
e pontos controversos na literatura, houve consenso nas respostas apresentadas pelos pesquisadores.
Palavras chave: creatina, carboidrato, proteína, leucina, HMβ.
INTRODUÇÃO
O termo "ergogênico" é derivado de duas palavras de origem grega “ergon” (trabalho) e
“gennan” (produzir). Portanto, recursos ergogênicos são definidos, de forma abrangente,
como qualquer estratégia capaz de maximizar a capacidade de trabalho (WILLIAMS,
1998). Particularmente, existe um grande interesse sobre os suplementos nutricionais
que, supostamente, potencializam a resposta de hipertrofia do músculo esquelético em
resposta ao treinamento de força. Em 1994, o Congresso americano por meio de um Ato
Governamental definiu o suplemento alimentar como qualquer produto que contenha
vitaminas, minerais, aminoácidos, ervas, concentrados, metabólitos, constituintes,
extratos ou qualquer combinação desses nutrientes. Aproveitando-se dessa definição,
extremamente, genérica, a indústria dos suplementos nutricionais passou a fabricar e
comercializar diversos tipos produtos, com as mais diferentes finalidades, sempre
prometendo efeitos milagrosos.
Para discutir e abordar pontos polêmicos e controversos sobre este tópico, o Brazilian
Journal of Biomotricity reuniu alguns dos mais conceituados pesquisadores do país e
propôs uma sessão de perguntas e respostas sobre o tema. De oito pesquisadores
convidados, cinco aceitaram o convite. Todos os pesquisadores receberam as mesmas
perguntas, e poderiam responder apenas aquelas que julgassem relevantes, dentro do
escopo de pesquisa e conhecimento dos mesmos. Depois de respondidas as questões,
as mesmas foram encaminhadas ao editor. Cada pesquisador recebeu, então, através do
sistema cego, as respostas dos outros pesquisadores para que pudessem realizar um
julgamento crítico e argumentar contrário à resposta, caso discordasse das mesmas.
As questões tiveram como objetivo apresentar o estado da arte sobre suplementos
nutricionais direcionados para o ganho de força e hipertrofia, as perspectivas futuras para
as pesquisas nessa área, as aplicações práticas e as questões controversas na literatura.
1. Na sua opinião, quais (ou qual) suplementos nutricionais são realmente
considerados ergogênicos em relação ao processo de hipertrofia do músculo
esquelético?
Marcelo Saldanha Aoki - Em termos de evidência científica, acredito que a Creatina é a
principal manipulação nutricional para a finalidade de maximizar o processo de hipertrofia
do músculo esquelético, induzido pelo treinamento de força. Recentemente, o
Posicionamento da Internacional Society of Sports Nutrition (ISSN - 2007) confirma que a
creatina é o suplemento mais eficiente para promover a hipertrofia. Além disto, a ISSN
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(2007) reforça a posição que a Creatina é considerada segura, quando utilizada nas
dosagens recomendadas.
Tácito Pessoa de Souza Junior – Logicamente que não adianta ingerir esse ou aquele
suplemento para aumentar a massa muscular. O maior auxílio ergogênico para hipertrofia
é, e sempre será, o treinamento de força, prescrito de forma específica para atingir o
referido objetivo.
Entretanto, a Internacional Society of Sports Nutrition (ISSN, 2007) em seu
posicionamento oficial confirmou que a creatina é o suplemento nutricional mais eficiente
para esse objetivo. Estudos realizados por nosso grupo demonstraram resultados
significativos com a suplementação com creatina (SOUZA JUNIOR et al., 2005; SOUZA
JUNIOR et al., 2007).
Ao meu ver a comercialização de produtos com esse objetivo vem sendo aquecida
espantosamente, nos últimos 15 anos. Porém, alguns problemas são apontados em
relação à pureza das substâncias que estão sendo comercializadas em produtos
considerados “mágicos”, ou seja, será que o que o indivíduo está ingerindo é,
exatamente, aquilo que consta no rótulo? Uma pesquisa recente (BAUME et al., 2006)
analisou a composição de 103 suplementos nutricionais adquiridos pela internet. Os
produtos foram classificados em quatro categorias: 1) creatina; 2) pró-hormônios; 3)
estimulantes mentais e 4) aminoácidos de cadeia ramificada. O estudo apontou a
presença de metandienona, um esteróide anabólico androgênico, em grande quantidade
em 3 produtos. Outro dado preocupante foi à verificação de traços de hormônios e próhormônios
encontrados em um dos produtos analisados da categoria “creatina” e em três
produtos da categoria “estimuladores mentais”, cujos rótulos não constavam essas
substâncias (BAUME et al., 2006). Ainda, a análise da urina dos voluntários do estudo
que ingeriram creatina revelou a presença de mais duas substâncias proibidas, 19-
norandrosterona e 19-noretiocolanolona, que também pertencem a classe dos esteróides
anabólicos androgênicos (BAUME et al., 2006). De acordo com os autores do estudo, as
autoridades e as federações esportivas devem ficar atentas ao problema (BAUME et al.,
2006).
Outro problema preocupante é a cultura dos indivíduos engajados em programas de
treinamento de força com objetivo de hipertrofiar o músculo esquelético em consumir
grandes quantidades de alimentos e/ou suplementos a base de proteínas. A cultura do
“quanto mais melhor” leva a uma crença de que a ingestão exacerbada de proteína possa
colaborar para um melhor desenvolvimento da massa magra. Algumas excelentes
revisões estão disponíveis na literatura, aconselho a leitura de Tokish et al. (2004),
Bilsborough e Mann (2006) bem como os posicionamentos da ISSN (2007) e do American
Dietetic Association (ADA), Dietitians of Canada (DC) e American College of Sports
Medicine (ACSM) publicado em 2009.
Sandra Maria Lima Ribeiro – Existe muita controvérsia acerca do uso de suplementos
nutricionais, especialmente no intuito de aumentar a massa muscular corporal. Portanto,
gostaria de, primeiramente, afirmar que todo o meu relato aqui, baseado em diferentes
leituras e experiências profissionais, reflete a minha opinião, que não, necessariamente, é
uma verdade absoluta e nem tampouco precisa ser a mesma opinião dos brilhantes
colegas que me acompanham nessa mesa redonda. Então, iniciando, se buscarmos na
literatura, veremos um “sem número” de estudos tentando provar a eficácia de vários
suplementos.
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Entretanto, compartilho a opinião de que não é apenas o suplemento isolado que se
mostrará eficiente nesse processo. De forma importante, antes de relacionar suplementos
nutricionais com a hipertrofia muscular, alguns aspectos devem ser checados: a) O
treinamento está adequadamente planejado, de forma a permitir o tempo de “repouso”
suficiente para estimular o processo de síntese proteínica, que, potencialmente, culminará
na hipertrofia muscular? Sem o tempo de repouso, muito dificilmente algum tipo de
nutriente poderá superar o desgaste causado, principalmente quando o treino e
inadequado (YARASHESKI et al., 2002); b-) O fornecimento de alimentos, nutrientes ou
suplementos está sendo planejado, respeitando as chamadas “janelas de oportunidade” e
a capacidade absortiva e a capacidade de síntese? Defino como “janelas de
oportunidades”, os períodos em que, por estímulos fisiológicos, os processos de síntese
proteínica superam os de degradação, favorecendo assim a hipertrofia muscular. Por
exemplo, alguns estudos (ESMARCK et al., 2008) demonstram que imediatamente após o
exercício, o organismo encontra-se em um momento de intensa e rápida recuperação.
Inicialmente, a rápida ressíntese do glicogênio intramuscular permitirá a recuperação de
reservas energéticas para, paralelamente, e num médio e longo prazo, permitir a elevação
das taxas de síntese de proteínas, de forma que essas taxas sejam superiores às taxas
de degradação. Estudos demonstram que alimentos ou suplementos fornecidos o mais
imediatamente possível após a sessão de treinamento ou competição, apresentam
resultados mais favoráveis à síntese proteínica do que quando fornecidos algum tempo
após.
Muitas vezes não é o suplemento em si que apresentará vantagens, e sim o momento
adequado de ingestão (KERKSICK et al., 2008). Outra estratégia importante a ser
considerada é a distribuição da quantidade necessária de proteínas em diferentes
momentos do dia. Por exemplo, o consenso do ACSM/ADA/DC (ACSM, 2009) estabelece
que a ingestão entre 1,2 e 1,7 g/kg de peso corporal/dia é suficiente para proporcionar
uma síntese proteínica ótima, considerando a ingestão simultânea de carboidratos como
“suporte energético” para a síntese. Ainda, é importante lembrar que as vilosidades
intestinais possuem uma capacidade de absorção de aminoácidos; as diferentes formas
químicas dos aminoácidos são absorvidas no intestino por diferentes sistemas de
transporte, e todos esses sistemas possuem um limite de saturação (BRÖER, 2008;
BALAGE e, DARDEVET, 2010). Da mesma forma, após a captação pelas células, a
síntese proteínica também é limitada às necessidades corporais e aos estímulos do
exercício. Sendo assim, por exemplo, se a necessidade proteínica calculada de um
indivíduo é 90 g/dia, é fundamental que essa quantidade seja distribuída no maior número
de ingestões/refeições durante o dia. E essa quantidade de proteína pode ser alternada
entre suplementos proteínicos ou alimentos, dependendo do momento ou da praticidade.
Os suplementos proteínicos seriam mais recomendados, por exemplo, após o exercício,
considerando a existência de suplementos com mais rápida digestibilidade, por exemplo,
o Whey-protein (MADUREIRA et al, 2010). Entretanto, nos horários designados para a
realização das refeições, não existe nenhuma razão para se substituir as proteínas,
naturalmente, presentes nos alimentos por suplementos. Considerando todos esses
detalhes podemos então, genericamente enumerar alguns dos suplementos existentes,
abrindo a possibilidade de reflexão de sua eficácia: proteínas e aminoácidos de uma
forma geral são suplementos extraídos do próprio alimento e, portanto devem ser
somados ao total de proteínas ingeridas pela dieta.
A ingestão excessiva de proteínas, sem a devida proporção com a ingestão de
carboidratos, não será, eficientemente, aproveitada pelo organismo, desviando os
aminoácidos para a oxidação. Cabe ainda aqui reforçar o que já disse anteriormente, que
alguns desses suplementos apresentam a grande vantagem de terem passado por um
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processo industrial que melhora a sua digestibilidade, tornando assim sua absorção mais
rápida. Isso é uma grande vantagem, principalmente, quando pensamos na recuperação
pós-exercício. Nesse contexto poderíamos também citar os suplementos desenvolvidos a
partir da combinação de todos os aminoácidos essenciais, porém não há consenso se a
mistura de aminoácidos apresenta vantagens sobre, por exemplo, hidrolisados protéicos
(MANNINEN, 2009). Por sua vez, existem os suplementos que podemos definir como de
ação farmacológica (alguns autores preferem definir como “nutracêuticos”)
(PANAGIOTOU e NIELSEN, 2009). Estão incluídos nesse grupo os suplementos que não
“contariam” no total de ingestão de proteínas ou de outros nutrientes essenciais, mas sim,
são conhecidos (pelo menos com estudos em animais) como estimuladores de pontos
específicos do processo de síntese de proteínas, ou ainda como inibidores dos processos
de degradação. Exemplos: os aminoácidos de cadeia ramificada (os conhecidos como
BCAA) e a creatina. Outros suplementos como o HMB (que e derivado da leucina), são
considerados como anti-catabólicos, porém os estudos mostram-se controversos. A
respeito de diferentes suplementos existentes, sua eficácia e possíveis efeitos colaterais,
sugiro revisão publicada por Tokish et al (2004).
Bruno Gualano – Nutrientes supostamente capazes de promover hipertrofia vêem sendo
testados em diversos modelos experimentais (e.g., cultura de células, roedores,
humanos). Com o intuito de evitar nesta resposta generalizações, relações e
especulações inapropriadas, as considerações a seguir são baseadas, exclusivamente,
em achados obtidos em humanos.
Nissen e Sharp (2003) publicaram uma meta-análise muito interessante demonstrando
que apenas dois suplementos alimentares disponíveis no mercado eram capazes de
aumentar, significantemente, a força e a massa muscular: creatina e beta-hidroxi-metilbutirato
(HMB; metabólito do aminoácido de cadeia ramificada leucina). Ainda assim, a
capacidade de ambos em produzir hipertrofia segue controversa.
Sabe-se, por exemplo, que ensaios de cinética proteica com isótopos radioativos indicam
que a suplementação de creatina não altera o balanço proteico em curto prazo, mesmo
quando combinada a uma sessão de treinamento de força (LOUIS et al., 2003; PARISE et
al., 2001). Depreende-se a partir desses dados que o aumento de massa magra,
observado quando do uso desse suplemento se deva sobretudo à retenção hídrica.
Em longo prazo, no entanto, a suplementação de creatina seria capaz de salientar o
volume de treinamento e, desta forma, proporcionar maiores ganhos de força e hipertrofia.
Uma boa evidência que corrobora essa hipótese vem do estudo de Syrotuik et al (2000).
Esses pesquisadores demonstraram que sujeitos que receberam creatina, mas que
desempenharam a mesma carga absoluta que o grupo placebo - apesar de serem
capazes de “levantar” maiores cargas -, apresentaram as mesmas respostas para força e
hipertrofia, indicando que os benefícios advindos da creatina são, fortemente,
dependentes do aumento do volume de treinamento. Concluo, assim, que a
suplementação de creatina aliada ao treinamento de força possa promover hipertrofia em
médio ou longo prazo, especialmente se capaz de aumentar o volume de treinamento.
No que se refere à suplementação de HMB, os estudos são mais escassos e, de certa
forma, mais desanimadores. Isso se deve ao fato de que os efeitos ergogênicos desse
suplemento - tão pronunciados em sujeitos sedentários ou menos ativos - não se
reproduzem em indivíduos treinados ou atletas.
Em termos clínicos, há boa evidência – corroborada por mais de uma meta-análise – de
que a suplementação de creatina é capaz de aumentar força e massa magra em
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pacientes com doenças neuromusculares, como distrofia muscular de Duchene, por
exemplo. Outros achados de relevância clínica têm sido obtidos quando do uso de
creatina e outros suplementos (e.g., HMB) em outras doenças que cursam com perda de
força e atrofia, porém o limitado número de estudos e o baixo número amostral impedem
que conclusões definitivas sejam traçadas.
Jonato Prestes – É impossível responder, completamente, esta pergunta, visto que,
semanalmente são lançados novos suplementos com promessas de hipertrofia muscular
e pouco se sabe sobre a composição e eficiência dos mesmos. Porém, alguns estudos
apresentam resultados interessantes. Por exemplo, Willoughby et al. (2007) mostraram
que o uso da suplementação de proteínas e aminoácidos (40g) uma hora antes e logo
após o treinamento de força induziu a aumentos mais expressivos na massa magra,
expressão gênica de IGF-1 e cadeia pesada de miosina (MHC) do tipo I, IIA e IIX do que o
grupo placebo (40 g de dextrose). Vale ressaltar que, a dieta foi controlada durante todo o
estudo. Kraemer et al. (2006) também demonstraram que a suplementação com
aminoácidos induz a um ambiente anabólico, favorecendo o processo de hipertrofia
muscular.
Com relação à creatina, Olsen et al. (2006) encontraram aumento na quantidade de
células satélites e mionúcleos em indivíduos que receberam creatina durante 16 semanas
de treinamento de forca, demonstrando diferenças significativas perante o grupo controle.
Os estudos bem controlados com a suplementação de creatina demonstram resultados
interessantes.
No tópico ativados de óxido nítrico (NO), Shelmadine et al. (2009) submeteram indivíduos
jovens a 28 dias de treinamento de força periodizado e suplementação com 27g de NOShotgun
(suplemento contendo creatina, beta-alanina, arginina, alfa-cetoisocaproato e
leucina) 30 minutos antes do exercício. Os resultados demonstraram que o suplemento foi
eficiente em aumentar a massa muscular, força, conteúdo de proteínas miofibrilares e
estimulou marcadores miogênicos indicativos de ativação de células satélites. No entanto,
o estudo não conclui sobre qual das substâncias contidas no suplemento ou mesmo a
combinação das mesmas foi responsável pelas adaptações reportadas. Os efeitos dos
suplementos contendo L-arginina combinada ou isolada (ativadores de NO) ainda são
escassos em humanos e precisam avançar no que se refere à dose-resposta e efeitos
colaterais. Estudos em animais demonstraram ativação de células satélites mediada por
NO.
Kraemer et al (2006) demonstraram maior ação tecidual de testosterona e, também, um
aumento superior na quantidade de receptores androgênicos a partir da utilização de Lcarnitina
e L-tartrato (LCLT) associado ao treinamento de força durante 21 dias. Apesar
de tentador, este efeito não, necessariamente, garante maior hipertrofia muscular e ainda
precisa ser confirmado com um número maior de indivíduos.
As diferenças encontradas entre os estudos com suplementação e hipertrofia podem estar
relacionadas às doses utilizadas ou mesmo a combinação com outros nutrientes
presentes nos suplementos, falta de controle nutricional e a metodologia de avaliação da
hipertrofia muscular.
2. Qual o melhor momento para ingestão dos suplementos protéicos, antes, durante
ou após o treino com objetivo de hipertrofia muscular? Ainda com relação à
ingestão protéica recomendada para indivíduos engajados em treinamento
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direcionado para hipertrofia muscular, você acredita que a mesma pode ser atingida
sem a necessidade de suplementação nutricional?
Saldanha - Acredito que ainda não temos informações suficientes para avaliar esse
primeiro questionamento. O Posicionamento da ISSN (2008) sobre o tempo de ingestão
de nutrientes sugere que o consumo de aminoácidos após a sessão de treinamento de
força (até 3 horas após) maximiza a taxa de síntese protéica. A ISSN (2008) cita apenas 3
estudos para suportar essa hipótese! É importante ressaltar que síntese proteica póssessão
de treinamento é um fenômeno agudo e que hipertrofia é uma resposta crônica.
Essas respostas não, necessariamente, estabelecem relação causa-efeito! Com relação
ao efeito crônico, a ISSN (2008) afirma - também com base em 3 estudos - que o
consumo conjugado de carboidrato com proteína no período pós-exercício, durante o
treinamento de força, promove maior ganho de força e alteração mais significativa na
composição corporal em relação ao consumo de placebo ou apenas carboidrato.
Pessoalmente, eu adoto uma postura mais conservadora em relação a esse tema. Na
minha opinião, o nível de evidência em relação a esse assunto ainda é insuficiente para
determinar qual é o "melhor momento" de ingestão do suplemento proteico/aminoácidos.
Apesar de não poder afirmar, categoricamente, que o "melhor momento" seja o póstreinamento,
concordo com a recomendação de ingestão proposta pelo Prof. Dr. Tácito
Pessoa de Sousa Júnior.
Com relação ao segundo questionamento, não tenho dúvida que a ingestão de proteínas
pode ser atingida sem suplementação nutricional, através do planejamento da dieta.
Apenas em algumas situações raríssimas, a suplementação proteica poderia apresentar
vantagens, principalmente, para fisiculturistas. É importante considerar que a ingestão de
proteínas de fontes de origem animal é acompanhada de grande quantidade de gordura.
Considerando que esses atletas precisam de muita proteína, devido ao seu peso, os
mesmos poderiam consumir muita gordura. É muito importante ressaltar que a rotina de
treinamento e as demandas metabólicas desses indivíduos são, extremamente,
diferenciadas. Indivíduos iniciantes no treinamento de força, e até mesmo os mais
avançados, não, obrigatoriamente, precisam recorrer a esta estratégia. No entanto, existe
uma "cultura" de que o consumo de suplementos nutricionais é uma condição sine qua
non para o crescimento muscular. Se isso fosse verdade, como seria explicado o
crescimento muscular dos bovinos mutantes (knock-out) para o gene da Miostatina? Eles
só comem grama, não treinam e dobram a sua massa muscular!!
Souza Junior – Quanto a essa questão, penso que o momento ideal seria a ingestão do
alimento e/ou suplemento, imediatamente, após o treino. Vale ressaltar que é necessário
que os praticantes estejam no estado alimentado antes do treino e que a ingestão de
carboidratos de alto índice glicêmico seja efetuada, imediatamente, após o término do
treinamento. Os estudos publicados são controversos com relação ao tempo de ingestão.
Alguns estudos demonstraram que a ingestão de proteínas e/ou aminoácidos após o
treinamento de força promoveu ganhos significativos na área de secção transversa
muscular (TIPTON et al, 2001; TIPTON et al, 2006; ESMARCK et al, 2008). A
recomendação da ISSN (2008) também reforça essa estratégia nutricional. Entretanto, um
estudo realizado por Tarnopolsky et al (1997) demonstrou que indivíduos que ingeriram
carboidratos, imediatamente, após o treino tiveram uma síntese de gligogênio mais rápida
quando comparada ao grupo que ingeriu carboidrato + proteína + gordura (37,2 x 24,6
mmol.kg-1, respectivamente) e ao grupo placebo (7,5 mmol.kg-1). Particularmente, sou
favorável a ingestão de carboidratos, imediatamente, após o treinamento e no segundo
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momento (30 a 40 min após a 1ª ingestão) uma alimentação mista com carboidratos e
proteínas de alto valor biológico numa proporção de 3/1.
Com relação à possibilidade de hipertrofia muscular, sem a utilização de suplementos,
não há duvidas de que uma dieta, adequadamente, elaborada seja, igualmente, eficiente,
desde de que as recomendações atinjam os requerimentos necessários (BILSBOROUGH
e MANN, 2006). É importante salientar que há uma grande diferença entre as
necessidades protéicas entre iniciantes, avançados e fisiculturistas. Ao contrário do que a
mídia postula, indivíduos treinados tem uma degradação endógena de proteínas
musculares, significativamente, menor do que indivíduos iniciantes (ver PHILLIPS et al.
1999 e TIPTON e WOLFE, 2004).
A literatura recomenda 1,7 g.kg-1 de proteínas obtidas pela dieta, sem a necessidade de
utilizar suplementos com proteínas e/ou aminoácidos (ADA, DC, ACSM, 2009). A ISSN
(2007) em seu último posicionamento recomendou 1,6 a 2,0 g.kg-1 para atletas de força e
potência.
Ribeiro – Essa questão foi bastante explorada na minha fala anterior. Entretanto, eu
gostaria de explorar um pouco mais a questão dos aspectos antes/depois e o que deveria
constituir um suplemento. Para isso, vou comparar dois estudos realizados com um grupo
etário específico, e cuja capacidade de síntese de proteínas encontra-se diminuída: os
idosos. Esmarck et al (2008), compararam dois grupos de homens com média etária de
74 anos, submetidos a 12 semanas de treinamento de força. Em um grupo, sempre
imediatamente após o término da sessão de exercícios, os idosos ingeriam um gel
constituído por uma mistura de proteínas, carboidratos e lipídeos. Nesse gel, eles
ingeriam 10g de proteína, sendo que a ingestão proteínica diária era de 1g/kg de peso
corporal/dia. O segundo grupo ingeria exatamente o mesmo gel e a ingestão proteínica
diária era exatamente a mesma. A única diferença era que esse segundo grupo ingeria o
gel após duas horas do final do exercício. Após as 12 semanas, estudos utilizando
diagnóstico por imagem de fibras musculares (RMN- ressonância magnética nuclear),
mostraram um aumento significativo da área seccional do quadríceps e outros músculos
no primeiro grupo (o que ingeriu o gel imediatamente após o treino). Portanto, esse
protocolo estudou o fornecimento de um suplemento misto (e não só de proteínas) após o
exercício. E os resultados mostraram que, além de ser importante o momento “após”, é
tão ou mais importante que seja “imediatamente após”. Em outro estudo, Verdijk et al
(2009), também trabalhando com idosos (média etária de 72 anos) submeteu os idosos a
treinamento resistido, também por 12 semanas. Esses idosos recebiam antes e após o
treinamento um hidrolisado de caseína (proteína de alto valor biológico - 10g antes e 10g
após o treino). Um grupo recebia o hidrolisado e outro recebia placebo. Ao final de 12
semanas, ambos os grupos, placebo e suplementado, aumentaram a área seccional do
músculo na mesma proporção, ou seja, não houve diferença entre a ingestão de placebo
ou proteína. Olhando para esses dois estudos, podemos reforçar o que eu disse na
questão anterior, de que temos dois aspectos importantes quando pensamos em
suplementar proteínas: - o momento; - a proporção entre proteínas e nutrientes
essencialmente fornecedores de energia (principalmente carboidratos). Com relação à
possibilidade de alcançar hipertrofia sem a ingestão de suplementos, minha respostas é
sim, e possível. Entretanto, isso só é possível com um planejamento cuidadoso da
densidade proteínica da dieta, a escolha dos alimentos apropriados e dos momentos
apropriados. Não posso deixar de lembrar que, em um planejamento dietético,
principalmente considerando a praticidade, alguns suplementos de proteínas integrais ou
mistura de aminoácidos podem colaborar para atingir as necessidades proteínicas, que
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definitivamente não são tão grandes quanto se pensava há alguns anos, em estudos
publicados na década de 1970.
Gualano – Embora o senso comum indique que o consumo proteico após a sessão de
treinamento de força promova maiores ganhos de força e hipertrofia, um elegante estudo
de cinética proteica com aminoácidos marcados demonstrou que o consumo de proteína
do soro do leite imediatamente antes ou após uma sessão de treinamento de força
proporcionou aumentos similares na síntese de proteínas (TIPTON et al, 2006). Em
estudo semelhante, o mesmo grupo observou maiores valores de síntese protéica quando
aminoácidos essenciais isolados foram administrados antes de uma sessão de
treinamento, em comparação à suplementação pós-treino (TIPTON et al, 2001). Portanto,
ainda que a diretriz vigente da Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva sugira que o
consumo proteico pós-treinamento de força possa maximizar hipertrofia e força, é
possível que o consumo proteico antes da sessão de treino produza os mesmos
resultados.
A resposta a segunda questão tende a ser positiva. Explica-se: o consumo proteico de
1,33 g/kg/d é suficiente para positivar o balanço proteico em praticantes de treinamento
de força – sejam novatos ou experientes (PHILLIPS, 2004). Interessantemente, o
consumo proteico habitual de tais indivíduos gira em torno de 2,01 g/kg/d. Torna-se claro,
pois, que a quantidade adequada de proteína a ser ingerida por praticantes de
treinamento de força é uma questão de relevância prática duvidosa, uma vez que as
necessidades desse nutriente são, em geral, alcançadas.
Essa conclusão, contudo, limita-se a indivíduos jovens e saudáveis, já que o aporte
proteico por vezes não é ideal em idosos. Como agravante, sabe-se que essa população
pode não responder adequadamente (em comparação a indivíduos jovens) ao estímulo
do treinamento de força ou ao consumo de baixas quantidades de proteína ou
aminoácidos isolados (para exemplo, ver KATSANOS et al, 2005), condição que vem
sendo cunhada por alguns pesquisadores como “resistência anabólica”. O suplemento
alimentar pode ser de grande valia para esses e outros indivíduos com dificuldade de
alcançar as recomendações de ingestão protéica via dieta, sendo o nutricionista/nutrólogo
o único responsável por avaliar individualmente a necessidade ou não da suplementação.
Prestes – Este é um tema polêmico e difícil de ser abordado devido aos resultados
conflitantes da literatura. Porém, parece que a ingestão alimentar, inclusive na forma de
suplementos, próxima aos horários de treinamento pode auxiliar no processo de
hipertrofia (PRESTES et al., 2010). Vale ressaltar que este tema ainda está em plena
investigação na literatura e novas evidências podem mudar os conhecimentos atualmente
aceitos. A necessidade ou não de suplementos pode depender da dieta do indivíduo,
tempo disponível e acesso a preparação das refeições, necessidade absortiva, bem
como, da relação do gasto calórico em outras atividades do dia. A avaliação nutricional
realizada por um nutricionista habilitado é essencial nesta questão.
Cribb e Hayes (2006) testaram o efeito do tempo de ingestão da suplementação sobre a
hipertrofia muscular. Um grupo de indivíduos ingeria a suplementação imediatamente
antes e após o treinamento de forca, enquanto o outro grupo ingeria o suplemento no
mínimo cinco horas antes e depois do treinamento de força, respectivamente. Os
indivíduos já praticavam treinamento de força a pelos menos seis meses para garantir que
a hipertrofia não seria decorrente de um novo tipo de treinamento. Os dois grupos
realizaram uma dieta padrão com cerca de 43 kcal/kg/dia, 5g/kg/dia de carboidratos e
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1,8g/kg/dia de proteínas. Houve maior aumento na área de secção transversal das fibras
do tipo IIA e IIX da coxa e maior aumento de massa magra (avaliada por DEXA) no grupo
que ingeriu próximo ao treinamento de força.
Em estudo com idosos, um grupo fez a ingestão de um gel de proteínas e carboidratos
logo após o treinamento de força, e o outro, apenas duas horas após, sendo que, nesse
período, não foi ingerido nenhum nutriente. Os indivíduos que fizeram a ingestão logo
após ganharam 1 kg de massa magra e aumentaram a área de secção transversal do
quadríceps. Aqueles que fizeram a ingestão duas horas após o treinamento perderam 1
kg de massa magra e não aumentaram a área de secção transversal muscular
(ESMARCK et al., 2001).
3. Qual sua opinião a respeito do efeito sinergista entre os suplementos
nutricionais relacionados ao processo de hipertrofia muscular?
Saldanha - A ISSN (2008) sugere efeito sinergista em relação à combinação de
carboidrato com proteína. Acredito que essa combinação seja a mais investigada até o
presente momento.
Souza Junior – Nesse aspecto, tenho um pensamento semelhante ao Prof. Dr. Marcelo
Saldanha Aoki. A ingestão de carboidratos pode otimizar a absorção dos aminoácidos,
porém reforço o meu posicionamento quanto ao tempo de ingestão.
Ribeiro – Voltando à minha primeira resposta, podemos notar que alguns suplementos
podem ser considerados fármacos. Tomemos como exemplo a creatina. Considerando
que a creatina, possivelmente, estimula sítios específicos tanto de síntese como de
degradação proteínica, a ingestão simultânea de creatina com um suplemento a base de
proteínas (reforço aqui que considero possível a combinação com um planejamento
dietético adequado), pode ser benéfica. Entretanto, alguns estudos apontam efeito
sinergístico favorável (HOFFMAN et al., 2006), outros não (BEMBEN et al., 2010).
Gualano – Um estudo demonstrou que a suplementação de creatina combinada à de
HMB promove maiores ganhos de força e massa magra - em comparação à
suplementação isolada de ambos - em sedentários submetidos a um programa de
treinamento de força (JÓWKO et al., 2001). Esses achados, contudo, não foram
replicados em praticantes de treinamento de força. Dessa forma, a combinação de HMB e
creatina – únicos suplementares alimentares com respaldo científico para ganhos de força
e massa magra (NISSEN e SHARP, 2003) – possui eficácia insatisfatória.
Vale lembrar que o balanço proteico e, por conseguinte, o anabolismo muscular pode ser
comprometido em indivíduos com baixas concentrações de glicogênio muscular. Com
base nesse achado, tende-se preconizar o consumo de carboidratos combinado à
creatina ou proteína. Sabe-se, porém, que a adição de carboidrato não possui efeito
aditivo à proteína no aumento síntese ou na redução da degradação protéica quando da
ausência de depleção de gligogênio, sendo o último nutriente, portanto, responsável por
positivar o balanço proteico.
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Prestes – É possível que a combinação de proteínas e diferentes aminoácidos com
carboidratos e creatina possam maximizar a resposta hormonal e o ganho de massa
muscular (TIPTON et al., 2001; CRIBB e HAYES, 2006; SHELMADINE et al., 2009).
4. Os avanços da biologia molecular revelaram a existência de muitos mecanismos
intracelulares relacionados ao processo de hipertrofia muscular, quais suplementos
nutricionais têm ação comprovada sobre a ativação dessas vias intracelulares que
modulam o ganho de massa magra?
Saldanha - Na minha opinião, ainda não há evidência suficiente sobre o efeito dos
suplementos nutricionais nos mecanismos intracelulares relacionados à hipertrofia. É
verdade que estes estudos estão surgindo, porém acredito que ainda é cedo para afirmar
que a resposta de ativação das vias intracelulares (ex. mTOR, Miostatina) induzida pelo
exercício de força possa ser maximizada pelo consumo de suplementos nutricionais.
Alguns estudos do nosso grupo (AOKI et al., 2004; BAPTISTA et al., 2010) sugerem que
algumas substâncias (creatina e leucina) atenuam o processo de atrofia induzida pela
imobilização. Foi observado que a suplementação com leucina reduziu a perda de massa
muscular durante o processo de imobilização. Com relação à suplementação de leucina,
foi observado que essa estratégia reduziu o pico de expressão dos atrogenes (Atrogin-1 e
MURF-1) e a atividade do Sistema Ubiquitina-Proteassoma durante a imobilização
(BAPTISTA et al, 2010).
Souza Junior – A biologia molecular, juntamente com a bioquímica do exercício, vem
trazendo novos horizontes sobre a ativação dos mecanismos intracelulares por
substâncias consideradas ergogênicas. Uma excelente revisão realizada por Coffey e
Hawley (2007) demonstrou que esses mecanismos podem ser ativados por diferentes
intervenções do treinamento com pesos de alta intensidade, assim como vários estudos
têm demonstrado que alguns nutrientes também têm forte influência sobre eles, por
exemplo, a leucina e a creatina. A leucina parece ser um potente ativador da via de
sinalização da fosfoinositol-3-quinase (PI-3K), alvo mamífero da rapamicina (mTOR),
proteína quinase ribossomal (S6K), entre outras, tanto in vitro como in vivo
(BLOMSTRAND et al, 2006). Entretanto, particularmente não acredito que a
suplementação com leucina ou creatina isolada, sem o estímulo do treinamento de força
ou por estratégias que reproduzam esse efeito (oclusão vascular) possam ser bem
sucedidas. Como dito anteriormente, o exercício de força é o maior auxílio ergogênico
existente.
Ribeiro – Como já citei anteriormente, realmente temos estudos fascinantes sobre
ativação de mecanismos intracelulares proporcionados por alguns nutrientes ou
substâncias ergogênicas. Talvez, na minha opinião, os estudos mais interessantes são
relacionados aos BCAA, especialmente a leucina. A leucina tem efeito na quinase mTOR
sinergisticamente com a insulina, na via de sinalização do fosfoinositol-3-quinase
(NORTON e LAYMAN, 2006) e a creatina, por sua vez, em um grande número de
processos, como regulação de genes envolvidos em apoptose, indução de vias
reguladoras de síntese de glicogênio e proteínas, proliferação de células satélite, aumento
da concentração de carnosina intracelular, processamento e transcrição do mRNA,
ativação de genes envolvidos na replicação e reparo do DNA (SAFDAR et al, 2008). Mas,
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mais uma vez, essa investigação de mecanismos intracelulares só é possível estudando a
célula especificamente, ou seja, extraindo o tecido do animal e submetendo as técnicas
existentes. Estamos, então, falando de estudos que adicionam o aminoácido diretamente
no músculo e verificam os efeitos. Mas, jamais podemos esquecer que, transportar esses
achados para o organismo humano torna a questão muito, mas muito mais complexa. O
suplemento (ou alimento, ou nutriente) passa pelos processos de digestão que, como já
mencionei anteriormente, são altamente seletivos. Dentro da célula, existem incontáveis
vias metabólicas que “competem” pelo aminoácido. Portanto, ate o momento não
podemos extrapolar 100% dos achados de estudos moleculares para a situação de um
indivíduo realizando o exercício (BALAGE e DARDEVET, 2010).
Gualano – A administração de aminoácidos isolados (ex. leucina, BCAAs, aminoácidos
essenciais), proteína intacta (ex. proteína do soro do leite), derivados de aminoácidos (ex.
creatina e HMB) podem “ativar” ou suprimir conhecidas vias de hipertrofia e atrofia,
respectivamente (ex. IGF-1-mTOR-p70; ubiquina ligases), tanto in vitro quanto in vivo.
Todavia, a ativação/atenuação de determinada via em decorrência do tratamento com tais
nutrientes e sues derivados – ainda que em humanos – não permite concluir que
suplementos nutricionais são ou não efetivos. Por exemplo, inúmeros estudos indicam
que a administração de leucina em modelos animais e in vitro promove importante
ativação/atenuação de vias intracelulares relacionadas à síntese e degradação de
proteínas. Contudo, os primeiros achados clínicos têm demonstrado que a suplementação
de leucina não afeta força e composição corporal em idosos saudáveis. Também não há
evidências de que esse suplemento exerça quaisquer benefícios em atletas ou jovens
saudáveis. Desta forma, a investigação das vias moleculares faz-se útil e necessária a fim
de se identificar possíveis mecanismos de ações de suplementos nutricionais, porém não
produz boa evidência acerca da efetividade dos mesmos. Para tanto, as adaptações
fenotípicas são mais recomendadas.
Prestes – Estudos mostram que a utilização de suplementos contendo proteínas e
aminoácidos isolados (por exemplo, a leucina) associados ou não aos carboidratos, antes
e após o treinamento, pode proporcionar aumento da síntese protéica via dependente e
independente de hormônios (CROWE et al., 2006; KOOPMAN, 2007; ZANCHI,
NICASTRO e LANCHA JR, 2008).
A ingestão protéica pode aumentar a fosforilação (ligação a um grupo fosfato) da proteína
de ligação inibitória para o eIF-4E (4E-BP1) via de ativação da mTOR (alvo da rapamicina
em mamíferos), permitindo que a subunidade 4E do fator de iniciação eucariótico (eIF-4E)
inicie a síntese de proteínas. A ativação da mTOR promove também a fosforilação da
proteína quinase ribossomal (S6k) que, por sua vez, aumenta a síntese protéica
(KOOPMAN, 2007).
Roberts et al (2010) sugerem que uma sessão aguda de treinamento de força com ou
sem ingestão de nutrientes pré-exercício aumenta marcadores de ativação de células
satélites até 6 horas após o exercício. Os autores reconhecem a existência de evidencias
sugerindo que a ingestão de macronutrientes pré-exercício estimula a razão de síntese
protéica (TIPTON et al, 2001), porém no referido estudo 25 g de whey protein ou
carboidrato não afetaram a expressão gênica de reguladores do ciclo celular e/ou DNA
muscular até 6 horas após uma sessão de treinamento de força.
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5. Na sua opinião, quais são as principais limitações em relação aos estudos que
investigam a influência dos suplementos nutricionais sobre o processo de
hipertrofia do músculo esquelético?
Saldanha - Os estudos disponíveis apresentam várias limitações. A grande maioria dos
estudos avalia a ingestão aguda de um determinado suplemento nutricional sobre a
resposta de síntese protéica. No entanto, o aumento agudo na síntese protéica, após uma
sessão de treinamento de força, não, necessariamente, resultará em maior grau de
hipertrofia após 8-12 semanas de treinamento de força. Essa interpretação equivocada de
que o aumento agudo na síntese protéica é garantia de maior hipertrofia, é um ponto que
me incomoda muito. Por exemplo, muitos estudos avaliam o efeito do suplemento
nutricional na síntese aguda de proteínas pós-sessão de treinamento de força, porém, os
mesmos não avaliam o efeito dessa manipulação sobre a degradação protéica. Já é
sabido que o fator determinante da acreção de proteína no músculo é o desequilíbrio
positivo entre a taxa de síntese e a taxa de degradação.
Souza Junior - A meu ver são várias as limitações. Dentre elas, posso citar a falta de
critérios quanto à quantificação das substancias ingeridas, a qualidade dos suplementos
comercializados, o nível de aptidão dos indivíduos inseridos no experimento, a duração da
intervenção (treinamento de força) e as falhas metodológicas dos estudos em questão.
Ribeiro – Como já citei anteriormente, uma grande limitação é a impossibilidade de
realizar o mesmo tipo de análises que são feitas in vitro ou em animais, em seres
humanos. Segundo, nem todos os estudos são realizados com controle adequado da
ingestão dietética, no sentido de verificar quais foram realmente os responsáveis pela
mudança ou não na massa muscular.
Gualano – A principal limitação é a falta de incentivo para pesquisas científicas nessa
área. Suplementos nutricionais são ignorados pela forte indústria farmacêutica – e seus
volumosos “grants” –, pois não se enquadram na categoria “medicamentos”. Além disso,
pairam sobre todos os suplementos alimentares as impressões de fraude e charlatanismo,
sustentadas por um comércio crescente de produtos inúteis e sem respaldo científico.
Certamente, isso contribui para que a investigação de suplementos alimentares como
agentes ergogênicos e terapêuticos seja prejudicada.
Ilustrando o tópico, um interessante estudo de um grupo canadense demonstrou que a
suplementação de creatina é extremamente efetiva em aumentar força em pacientes com
distrofia muscular de Duchene. Os benefícios, interessantemente, foram tão importantes
quanto aqueles observados com o uso de prednisona (corticóide de uso comum na
prática clínica para diversas doenças musculares e inflamatórias). Tendo em vista que tal
medicamento possui um vasto espectro de efeitos deletérios, o grupo canadense,
paulatinamente, substituiu seu uso por creatina, com resultados bastante positivos.
Aproximadamente cinco anos depois, raros estudos sobre o tema foram realizados e,
como conseqüência, esse suplemento continua a ser ignorado por clínicos e
neurologistas, que o analisam com desconfiança e o preterem em relação à prednisona,
sobre a qual diversos ensaios clínicos se acumulam. Portanto, a falta de incentivo para
pesquisas com suplementos nutricionais pode ser vista como principal causa das
limitações que permeiam a área, como limitado número de estudos, baixo poder
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estatístico, curto período de intervenção e métodos de pesquisa inadequados.
Prestes – A falta de controle nutricional, confusão de respostas agudas com crônicas,
respostas hormonais sendo consideradas diretamente como garantia de hipertrofia
muscular, adaptação dos indivíduos ao treinamento (causando dúvida sobre o efeito do
suplemento ou do treinamento de força como um novo estímulo), técnicas de avaliação da
hipertrofia muscular e a análise de apenas algumas proteínas e/ou genes determinantes
para o ganho de massa muscular, são fatores que comprometem e nos impedem de
produzir respostas mais diretas sobre este assunto tão interessante.
6. Quais são as perspectivas futuras para esse campo de investigação
(suplementação nutricional e hipertrofia muscular)?
Saldanha - Indubitavelmente, o futuro das pesquisas nessa área do conhecimento será
desvendar os mecanismos de ação dos nutrientes (ativação/inibição de vias de
sinalização intracelular) sobre a hipertrofia do músculo esquelético.
Souza Junior – Como dito anteriormente acredito que as novas técnicas advindas da
biologia molecular poderão elucidar vários mecanismos intracelulares ainda obscuros
atualmente.
Ribeiro – Sem dúvida, os estudos utilizando isótopos estáveis, a partir da análise, por
exemplo, do gás eliminado pela respiração, paralelo a métodos avançados de
composição corporal (como por exemplo as medidas de potássio intracelular e relação
entre água intra e extracelular) me parecem bastante animadores. Atualmente venho
realizando estágio no USDA – Human Nutrition Research Center at TUFTS University -
Boston - MA, onde temos pesquisado a aplicação dessas metodologias em diferentes
tipos de estudos, incluindo os realizados em exercícios (KEHAYIAS et al., 2001).
Gualano – Certamente, uma promissora área de investigação se refere aos efeitos
terapêuticos de suplementos nutricionais. Ainda que em quantidade bastante limitada,
estudos em modelos experimentais e ensaios clínicos sugerem que suplementos a base
de BCAAs, creatina, HMB e leucina podem atenuar a perda de força e massa magra em
pacientes com miopatias, sarcopenia, caquexia, sepse e inflamação. A população idosa -
que cresce vertiginosamente, sobretudo no Brasil – poderia ser potencialmente
beneficiada pelo uso de certos suplementos alimentares, particularmente em combinação
ao treinamento de força. Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
proíba o uso de “suplementos nutricionais para atletas” em idosos, evidências já dão
conta de que a creatina, por exemplo, seria uma ótima alternativa nutricional para
combater o processo de sarcopenia. Futuros estudos clínicos randomizados e
controlados, com satisfatório poder estatístico, devem produzir as evidências necessárias
para o emprego terapêutico dos suplementos nutricionais. Análises sistemáticas e, se
possível meta-análises, também possuem papel importante nesse processo.
Prestes – Considerando a hipertrofia muscular uma resposta fisiológica dependente de
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múltiplos fatores, estudos complementares ainda precisam examinar diversos genes e
proteínas envolvidos da regulação do ciclo celular e hipertrofia, tais como HGF, bFGF,
MGF, CDK2/6, ciclinas A/E, proteínas moduladoras de mTOR, citocinas entre outras. De
acordo com Roberts et al. (2010) o uso da técnica de imunohistoquímica com vistas a
determinar os processos mitóticos que ocorrem logo após o exercício pode auxiliar na
melhora do entendimento destas complexas relações. Adicionalmente, como a hipertrofia,
além de outros fatores, recai sobre um processo multigênico, a proteômica pode ser uma
importante ferramenta para responder futuras questões.
CONCLUSÃO
As opiniões expressas pelos pesquisadores convidados refletem o atual estado da arte
em relação ao referido tópico. É notório que a literatura ainda apresenta diversas lacunas,
que, de certa forma, influenciaram as respostas apresentadas. Com relação à eficiência,
houve consenso dos pesquisadores em relação à suplementação de creatina, que foi
apontada como uma das principais estratégias nutricionais para a finalidade de maximizar
o ganho de massa magra. Já, a opinião dos especialistas sobre o tempo ideal para
ingestão de suplementos proteico apresentou divergências. Enquanto alguns sugerem o
consumo antes, outros preferem a recomendação de ingestão após a sessão de
treinamento de força. Apesar da argumentação apresentada por cada pesquisador, essa
questão ainda permanece polêmica. A respeito da possível ação sinergística dos
suplementos nutricionais sobre a hipertrofia muscular, a combinação de carboidratos com
proteínas foi citada por quatro dos cinco pesquisadores convidados.
Apesar do estágio inicial que se encontra essa área do conhecimento, os pesquisadores
apontam para o possível papel da leucina sobre a ativação de vias intracelulares que
modulam a hipertrofia. Entretanto, estudos adicionais ainda são necessários para
comprovar o efeito desse aminoácido sobre a hipertrofia muscular. Todos os
pesquisadores concordam que as pesquisas apresentam diversas limitações tais como:
pouco de incentivo, falta de controle nutricional, controle de qualidade inadequado e
possível contaminação dos suplementos nutricionais, confusão de respostas agudas com
adaptações crônicas, diferentes níveis de treinamento da amostra, etc. Finalmente, as
perspectivas para futuras pesquisas, sugeridas pelos especialistas, englobam o efeito dos
suplementos nutricionais sobre os mecanismos moleculares que modulam a hipertrofia e
as possíveis aplicações clínicas dos suplementos nutricionais.
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